Descontinuidades e Continuidades Geológicas

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

William Smith. Fosseis como marcadores temporais.

Em 1793, William Smith, um inspector de trabalho da construção de um canal no sul de Inglaterra, reconheceu que alguns fósseis podem nos ajudar a ordenar as idades relativas das rochas  sedimentares. Ficando fascinado com a variedade de fósseis, recolhe-os das camadas rochosas expostas ao longo do canal.

William Smith estudou as camadas que continham diferentes conjuntos de fósseis e foi capaz de distinguir uma camada da outra pelos fósseis característicos em cada uma delas. Foi então que estabeleceu uma ordem geral para a sequência de fósseis e estratos, dos mais antigos aos mais recentes. Perante a sua nova descoberta, poderia prever a idade de qualquer afloramento no sul da Inglaterra, baseando-se no seu conteúdo fossilífero. Esta ordem estratigráfica de fáceis de espécies animais era conhecido como “faunal succession”.

O Princípio da sucessão faunística é baseada na observação de que a rocha sedimentar contêm camadas de fauna e flora, e que esses fósseis se sucedem verticalmente com uma ordem específica que pode ser identificada em amplas distâncias horizontais.

 Por exemplo, um fóssil de um osso de Neandertalnunca será encontrada no mesmo estrato que um fóssil do "Megalossauro" porque os "Neandertais" e "Megalossauros" viveram em  períodos geológicos diferentes, separados por muitos milhões de anos.

Este princípio, recebeu o nome deste importante geólogo Inglês William Smith, e é de grande importância na determinação da idade relativa das rochas e dos estratos. O conteúdo fossilífero das rochas em conjunto com a lei da sobreposição permite determinara a idade das rochas sedimentares.

O seu trabalho mais famoso é "The Map That Changed the World", um mapa geológico detalhado da Inglaterra, do País de Gales e de uma parte da Escócia. No início, William Smith não recebeu o devido valor, foi plagiado, e arruinado financeiramente passando muito tempo na prisão.
A nova ciência da geologia e as realizações de Smith só foram reconhecidas no final da sua vida, recebendo a primeira medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1831.



                                                   Fig.1 William Smith






Bibliografia:

Grotzinger; Jordan; Press; Siever (2007), Understaning Earth,5ªedition,Freeman.
Wikipédia (imagens)
 








segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Jurássico

O jurássico é um Período da Era do Mesozóico que pertence ao Eon do Fanerozoico, este período ainda pode ser dividido em Jurássico superior, médio ou inferior.
O nome atribuído a este período remonta das montanhas Jura, na fronteira entre França e Suíça, quando Alexander von Humbolt descreveu as formações de maciços calcários como “Calcários Jura” em 1795. Mas este termo só foi formalmente aceite como sistema Jurássico em 1839. Mais tarde este foi subdividido em Jurássico superior (Malm), médio (Dogger) e inferior (Lia), estes termos foram inicialmente utilizados para se referir aos sedimentos Ingleses e remontam do investigador Leopold von Buch.

O Jurássico ocorreu durante um período tropical quente, onde grande parte do planeta estava coberto por uma densa cobertura vegetal, dai a grande diversidade de fauna e flora. Foi neste período que dominaram os majestosos dinossauros e os grandes répteis marinhos. Também neste período ocorreu o fenómeno da separação do super-continente Pangeia.

O fenómeno de separação da Pangeia começou a um ritmo acelerado no Triacico, mas também se realizou no Jurássico. O super continente começou a girar, mas os seus componentes começaram a girar a velocidades diferentes e mais tarde em direcções opostas, formando vales de rift, um deles abriu a parte sul do Atlântico Norte e continuou para oeste ate ao Golfe do México, isto originou a deslocação da América do Norte para oeste, abrindo o Golfe do México, formando o Atlântico Central. Como a Gronulandia e América do Norte se separaram da Europa-Africa, e deslizaram sobre o piso do Oceano Pacifico, são desencadeados eventos de formações orogénicas formando a cordilheira da América do Norte (Montanhas Rochosas e Serra Nevada). Na Gondwana o inicio da separação entre a América do Sul e África, começou durante o Triacico, mas no Jurássico acelerou tomando um aspecto semelhante ao actual Mar Vermelho. Um grande rift separa a Antárctida da extremidade sul da América do Sul e África, este rift desenvolvendo um braço que se estende para leste da África do Sul, ao longo do que é actualmente o lado oriental da Índia, que se começa a deslocar para norte, ocorrem fenómenos vulcânicos ao longo destas fracturas. Os segmentos separados da Gondwana movem-se separadamente para norte, voltando-se suavemente no sentido dos ponteiros dos relógios.

Durante o Jurássico o nível do mar subiu inundando grande parte dos continentes, deixado um registo sedimentar rico em calcários, esse avanço do mar criou várias zonas rasas e quentes perfeitas para o desenvolvimento de uma grande diversidade de formas de vida.


Nesse período os principais vertebrados que viviam nos oceanos eram peixes e répteis marinhos, os animais que estavam no auge da sua diversidade estavam os Ictiossauros, que vieram substituir os seus antecessores do Tricico, os plesiossauros, e crocodilos marinhos  das famílias dos Teleosauridae e Metriorhynchidae. Os gigantescos Leedsichthys, chegaram mesmo a atingir os 10 ou mesmo 30 metros de cumprimento.

Nos mares havia ainda uma grande diversidade de seres invertebrados, esponjas, corais, briozoários, gastrópodes, bivalves e ammonoid .
Em terra podíamos encontrar uma grande diversidade e abundância de dinossauros, existindo nesse período uma mega fauna com enormes herbívoros conhecidos como saurópodes (incluindo um grande numero de famílias de Euhelopidae, Cetiosauridae, Brachiosaurus, Camarasaurs, Diplodocidae, etc) podendo estes animais chegar a pesar várias toneladas. Existiam também alguns animais de tamanhos mais modestos como os Scelidosauridae, Stegosauridae e os iguanodonts. Alguns herbívoros de menores dimensões foram metidos em xeque por alguns carnívoros, incluindo o pequeno e leve coelophysids. No Jurássico alguns carnívoros de pequenas dimenssoes desenvolveram penas o que os levou mais tarde a conquistar os céus, estes foram as proto-aves ( Archaeornithes). Há investigadores que afirmam quem alguns trirylodontid, herbívoros com cerca de 50-100 cm de comprimento, podem ter sido os antecessores dos roedores de hoje em dia. 


Já se abordou a fauna veremos então como seria a flora neste período, as condições características de um clima continental presentes no Triassico passaram para o Período do Jurássico, essencialmente a latitudes mais elevadas e o clima quente e húmido característico das selvas que abrangiam grande parte das paisagens do Jurássico. As Gimnospermas eram relativamente diversificadas durante este período, as coníferas dominaram a flora principalmente durante o Triassico, eram o grupo mais diversificado e consistente de árvores de grande porte, mas também dominaram e evoluíram durante o Jurássico, essa evolução inclui as familias, Araucariaceae, Cephalotaxaceae, Pinacea, Podocarpaceae, Taxaceae e Taxodiaceae. A vegetação a baixa latitude era ainda dominada essencialmente pelo arbusto Bennettitales e pequenos fetos. A elevadas latitudes a norte tínhamos Ginkgo a dominar a flora e a sul tínhamos Podocarps, que foram particularmente mais bem sucedidos a sul do que os Ginkgos que eram bastante mais raros. Nos oceanos modernos algas calcárias apareceram pela primeira vez.

O Jurássico é um Período geológico que se estende desde a cerca de 199,6 +/- 0,6 Ma e 145,5 +/- 4 Ma ( milhões de anos atrás), ou seja do final do Tríassico ate ao inicio do Cretássico. O Jurássico constitui ainda o período médio da Era do Mesozóico, conhecida também como a Era dos Repteis, no entanto no final do Jurássico não se presenciou qualquer evento de extinção em massa.

Como já foi em cima referido o Jurássico está dividido em, Jurássico Inferior, Jurássico Médio e Jurássico Superior, como formação rochosa também é conhecido como Lia, Dogger e Malm.

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No nosso país podemos encontrar evidencias que nos ajudam a identificar melhor este período, exemplo disso é o estratotipo do limite Aleniano – Bojoceano, do Jurássico médio, perfil do cabo do Mondego. Neste estratotipo pode-se observar fosseis da fauna e flora existentes nesse período, como amonites, pertencentes aos moluscos cefalópodes, podendo encontrar também outro tipo de fosseis como bivalves, branquiópodes, gastrópodes e crinoides, como também restos de vegetais.





Referencias bibliográficas:

- http://www.ucmp.berkeley.edu/exhibits/geologictime.php
-http://www.palaeos.com
-http://en.wikipedia.org/wiki/Jurassic

-
Tour of Geologic Time (UCMP)
- Subcommission for Stratigraphic Information (ICS)



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Princípios Estratigraficos

A Estratigrafia é uma ciência que estuda a evolução e fenómenos relacionados com os corpos litológicos do nosso planeta. Essa evolução é de comentada através da interpretação dos estratos utilizando de diversos princípios.

Princípios Fundamentais

Princípio da horizontalidade
 Este princípio estabelece que camadas de sedimentos são originalmente depositados horizontalmente, delimitados por planos que mostram continuidade lateral.
                                                                    Ilustração 1 sequência de estratos horizontal


Princípio da Sobreposição
  Os estratos depositam-se horizontalmente a superfície, logo é lógico deduzir que aqueles que estejam a superfície sejam mais recentes e aqueles que se encontram em maior profundidade sejam mais antigos. Pode-se então aplicar as estruturas estratificados em que a deformação tectónica posterior ao seu depósito não implique a inversão dos estratos; foge a regra, em zonas de descontinuidades com etapas de erosão, onde estes novos sedimentos depositam-se nas cavidades das rochas mais antigas.
                                           Ilustração 2 excepções deste princípio


Princípio da Idade Paleontológica
Um dos princípios utilizados na datação relativa das idades dos estratos, o princípio da identidade paleontológica admite que, nos estratos, os grupos de fósseis surgem numa ordem definida, podendo reconhecer-se um determinado período de tempo geológico pelas características dos fósseis. Às camadas que possuem o mesmo conjunto de fósseis de idade pode ser atribuída a mesma idade. Nem todos os fosseis são ideais para este tipo de correlação.
                                                                Ilustração 3 princípio da idade paleontológica


Princípio da Intersecção e da Inclusão
 Qualquer estrutura que intersecte vários estratos se formou depois deles e é, portanto, mais recente. O princípio da inclusão refere que os fragmentos de rocha incorporados num dado estrato são mais antigos do que ele.

                                                                  Ilustração 4 princípio da inclusão


Principio da discordância estratigráfica
 É caracterizada por uma descontinuidade no registo geológico marcados pela ausência de estratos, devido a não ocorrência de sedimentação no local ou a erosão do estrato existente.

                                                               Ilustração 5 princípio da discordância estratigráfica



Bibliografia :
  • slides de geologia geral









terça-feira, 5 de outubro de 2010

Estratigrafia

Estudo da génese, de sucessões, no tempo e no espaço, e da representatividade real e vertical das camadas e sequências de rochas de uma determinada região, procurando determinar os eventos, processos e ambientes geológicos associados, o que inclui, entre outros, a determinação de fases de erosão ou de ausências de deposição.



A correlação de rochas de regiões diferentes é feita usando-se colunas estratigráficas de cada região. As correlações estratigráficas podem ser pautadas, essencialmente, em dois conceitos: 

- Tempo ou idade das rochas (cronoestratigrafia)

- Continuidade lateral das mesmas rochas ou conjuntos de rochas (litoestratigrafia). 




Existem outros tipos de correlações estratigráficas mais específicos:

-  Conteúdo fossilífero (bioestratigrafia)

-  Velocidade de ondas sísmicas (sismoestratigrafia)

- Propriedades eletromagnéticas, magnetismo remanescente, características isotópicas, geoquímicas, etc


Definição:

A estratigrafia, vem do latim (stratum + grego graphia), é a descrição de todos os corpos rochosos que formam a crosta da Terra e sua organização em unidades mapeáveis distintas e úteis, com base em suas propriedades ou atributos intrínsecos, com vistas a estabelecer sua distribuição e relações no espaço e sua sucessão no tempo, e para interpretar a história geológica. A estratigrafia evoluiu bastante desde sua concepção. Actualmente a Estratigrafia de Seqüências pode ser considerada o último grande avanço científico mundial.





                              






Referencias Bibliográficas:

-   http://vsites.unb.br/ig/glossario/verbete/estratigrafia.htm

-  http://pt.wikipedia.org/wiki/Estratigrafia



sábado, 2 de outubro de 2010

Descontinuidades e Continuidades Geologicas

Continuidade Estratigráfica
  • Continuidade, quando duas ou mais unidades líticas se sobrepõem sem interrupção de depósito.

sequência continua de estratos
Origem do termo "Descontinuidade Estratigráfica"
  • A noção do termo descontinuidade estratigráfica, remonta a James Hutton que observou o contacto horizontal dos “Velhos Arenitos Vermelhos” do Devónico. 
James Hutton



Descontinuidades Estratigraficas
  • Uma descontinuidade e tudo aquilo que altera o natural arranjo dos estratos como por exemplo, diáclases, falhas, superfícies de estratificação, xistosidade, erosão, foliação, clivagem de fractura, etc.  

  •   Diáclases são pequenas fracturas existentes nas rochas, desde sua formação, resultantes das forças a elas exercidas de tracção, compressão e torção. Desenvolvem-se sobretudo nas rochas duras, intersectando-se em diversas direcções sendo algumas principais e originando uma rede de fracturas que facilita a sua separação em blocos e, portanto, a sua desagregação. 
Diaclasses provocadas por distensão caso (A). Diaclasses provocadas por compressão caso (B)




  •          Falhas, fractura em que houve um deslocamento de grandeza significativa ao longo da superfície de separação das partes, esta usualmente designada por superfície ou plano de falha. As superfícies dos blocos que delimitam a falha designam-se por paredes de falha. As falhas raramente são unidades planas singulares já que ocorrem normalmente como conjuntos de descontinuidades paralelas ou sub-paralelas, constituindo famílias, ao longo das quais se registou movimento numa maior ou menor extensão.
Falha
  • Superfície de Estratificação, descontinuidade paralela à superfície de deposição dos sedimentos, a qual pode ou não ter uma expressão física. De notar que a atitude 

  • Foliação, descontinuidade determinada pela orientação paralela dos minerais lamelares ou bandas minerais nas rochas metamórficas.
Foliação
  • Clivagem de Fractura, fracturas paralelas formadas em camadas rochosas de baixa resistência, ditas incompetentes, intercaladas em camadas com graus de resistência superior (competentes) são descontinuidades conhecidas por clivagens de fractura. Tais tipos de descontinuidades podem, por exemplo, formar-se num xisto argiloso intercalado entre duas camadas de arenito de resistência muito superior que, ao serem dobrados, levam ao surgimento de superfícies de fractura oblíquas à superfície de estratificação. Subentende-se, nesta designação, que a formação das superfícies de clivagem não é controlada pela orientação paralela das partículas minerais

  • Xistosidade, é a foliação no xisto ou em outra rocha cristalina de grão grosseiro resultante da disposição em planos paralelos dos minerais do tipo lamelar e/ou prismáticos, tal como a mica. As diáclases e as superfícies de estratificação e de xistosidade, que conduzem isoladamente ou associados entre si à compartimentação dos maciços, ocorrem em geral em grande número, associadas em famílias (conjunto de descontinuidades com idêntica orientação e génese), o que justifica que o seu estudo se revista de um carácter estatístico. É a foliação no xisto ou em outra rocha cristalina de grão grosseiro resultante da disposição em planos paralelos dos minerais do tipo lamelar e/ou prismáticos, tal como a mica.
Xistosidade